terça-feira, 19 de maio de 2009

O privilégio de ser Mãe

Silvier Dias

As mulheres não ganham dos homens em muitas coisas. Mas se há algo em que são insuperáveis é no relacionamento com cada filho.
As primeiras a interar-se de que há alguém que está a caminho são elas. Cada vida se inicia perto do coração de uma mulher, e ali seguirá adiante, se não ocorrer nada de mal durante nove meses. O diálogo que se estabelece entre mãe e filho é íntimo, profundo e misterioso. O embrião não se dedica somente a "parasitar" e tomar alimentos do útero que acolhe a nova vida. Algumas células do filho circulam pelo corpo da mãe, e algumas células da mãe passam para o filho. Entre os dois se combinam certos hormônios que ajudam para que tudo siga o caminho ordinário que levará, ao final, a esse momento misterioso, dramático e, quase sempre, gozoso, do parto.
Durante a gravidez o esposo não é um satélite alheio nem um estorvo incômodo. Sua companhia e seu carinho tornam mais fáceis os cansaços e as reações que fazem sofrer a esposa que começa a ser mãe. Além disso, quando o feto começa a ouvir dentro do mundo do líquido amniótico, chega a identificar os ruídos do mundo exterior e também a voz de seu pai. Quando os papais conversam com o feto na barriga da mãe, deixam uma pegada, a ser estudada em seu mistério, na psicologia desse feto que cresce dia a dia. O carinho da esposa, por sua vez, permite ao marido sintonizar-se com o mistério desse filho que está ali, muito escondido de início, mas depois cada vez mais visível através do crescimento da barriga da mãe...
Quando o bebê nasce, também a mulher é a única que pode oferecer-lhe o melhor alimento: o leito materno. Do ponto de vista médico e dietético, o dar de mamar no peito traz muitos benefícios para o bebê e para a mãe. Do ponto de vista psicológico, o bebê aprende, antes, durante ou depois de mamar no peito de sua mãe, a olhar a face da mãe, a descobrir uns olhos que penetram cheios de carinho, às vezes um pouco cansados, mas sempre (ou quase sempre) disponíveis.
As que melhor sabem cuidar dele quando chora, quando pede algo que não está muito claro, quando mostram indiferença ou sono, ou quando delineiam um sorriso contagioso e novo são as mulheres. As mães, costuma-se dizer, possuem um "sexto sentido" com o qual percebem muito do que escapa com freqüência aos olhos do novo pai.
Ser mãe não termina com as primeiras semanas nem com os primeiros meses. O filho fica marcado de um modo muito profundo por esses primeiros contatos que se estabelecem com a mulher, com a mãe. Por sua vez, o papel do pai na tarefa educativa vai aumentando com o passar dos meses. Em algumas situações chega a dedicar ao filho igual ou maior tempo que o dedicado à mãe (principalmente se ela trabalha fora de casa). O bebê, então, aprende a amar com o mesmo carinho os dois. Mas chegará o dia em que ele tomará consciência do que significou, no caminho de sua vida, essa etapa inicial antes do nascimento e dos primeiros meses nos quais tudo é muita esperança e não são poucos os momentos de temor ou de angustia.
Falar da maternidade é falar de um privilégio da mulher. A paternidade, certamente, é fundamental para que se inicie uma vida humana. Mas um pai nunca poderá sentir em profundidade o que significa ter o filho ali "dentro". Esse filho que se iniciou tão débil e tão dependente que somente o amor pode sustentá-lo durante o tempo de gravidez.
Assim nascemos, até agora, os mais de 6 bilhões de habitantes da terra. Talvez algum dia se inventem úteros artificiais ou incubadoras de embriões. Talvez, inclusive, cheguem a ser tão perfeitos como o sistema biológico que só a mulher possui para abrir-se a cada vida humana que começa sua aventura. Mas mesmo assim nada poderá tirar a importância e a beleza desse diálogo inicial entre a mãe e o filho que tanto nos tem ajudado a todos a dizer, já desde os primeiros momentos: vale a pena viver porque há alguém que me conhece e me ama assim, como sou, sem condições...



E com essa perspectiva a U.I.Buriticupu junto com a Secretaria de Educação promoveu uma belissa festa em homenagem às mães com distribuição de brindes, um delicioso coquetel e apresentações. A escola só agradece
por ter mães tão participativas o que contribue para o melhor desempenho no ensino eprendizagem.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

De cara nova. Com a alma ampliada.

Autor: Silvier Dias

Mudamos de escola, de casa, de médico, de carro, de perfume, de amores, de rua, de cidade, de humor, de trabalho, de idéia... Estamos em constante mudança... E sempre mudaremos novas coisas em nosso inexorável viver. As mudanças nos tornam seres dinamicamente vivos, vívidos, ávidos...

Entre na roda! Venha para a praça! Seja o nosso blog

2346_luis-guilherme-pereira_coreto_gde.jpgAutor: Silvier DIAS

Tempo de novidades...


Este novo espaço - o Nosso Blog - veio para agitar o coreto da nossa Comunidade Virtual constituída e compartilhada por tantos educadores e alunos que aqui passeiam e deixam suas palavras.

Nele postaremos, como um mote ou desafio, pequenas crônicas, textos poéticos, comentários e reflexões sobre assuntos que circulam nas entrelinhas da nossa profissão de educar.

É “Nosso Blog” porque é nosso mesmo!

É como se o texto, que será postado a cada 15 dias, fosse um coreto em meio a uma praça que aguarda a chegada das pessoas, acolhe e dá voz e vez a quem quiser. Onde cada um traz o seu banco de descobertas e saberes, de indagações e inquietudes para a roda. Puxa sua cadeira de recados, comentários e dicas e nos deixa uma marca, um rastro, uma nova inquietude que nos faz repensar, reviver ou sonhar. Espaço vivo de dizer coisas que amamos, acreditamos, que fazem viver a nossa essência...

Podemos assim entrar pelas emoções de filmes, pelas surpresas dos livros, pelos movimentos das músicas. Saber de eventos, de exposições, de acontecimentos. Podemos dar dicas culturais ou mencionar sobre um texto valoroso, especial ou indicador de caminhos.

Como disse, digo de novo em dia de inauguração nesse tempo de mudanças e de novidades: venha para a praça da nossa Comunidade que também é você.

Eu, daqui do lado de cá desta praça recém-inaugurada, suscito com toda a alegria o seu lado leitor, participante e crítico. Deixo como fecho e abertura um trecho de um poema-canção . E aproveito o ensejo desse virtual que é presente agora para lhe convidar a subir no nosso coreto e deixar a sua palavra que inaugura este nosso blog.


Breve oração

2350_antoniogil_gde.jpg Autor: Antonio Gil Neto

Abençoado seja
O professor.

Um guia que nos edifica humanamente,
Um sinal que nos indica o prumo dos planos,
Dos ventos,
Dos intensos movimentos do mundo.

Um “incomodador”
Que assim se faz
Pela busca incansável da beleza e da justiça,
Da verdade,
Do intento.
Mesmo que,
Nesse senso,
Seja um fardo tenso
Que descansa
Nos ombros dos homens mais felizes.

Um arauto
De surpresas
Que renascem das certezas
Dos minúsculos mistérios
E dos brinquedos,
Desejos do aprender.

Um tradutor
De brechas
Que brilham nas fantasias,
Nos mais longos conteúdos,
Tramas para saber.

Um indicador
De sonhos e descobertas.
Pontos de luz.
Arco-íris e pão.

Um encorajador
Silencioso
Do futuro que se faz
A cada pedaço e tempo,
A cada palavra e alento,
A cada gesto e olhar.

Um amante das esperanças
E dos amanhãs,
Dos desejos mais sutis.

Um lutador
Incessante
Sem espadas,
Sem bandeiras,
Num constante desenhar
Riscos de paz.

Um cuidador das gentes:
O que somos
O nosso destino,
Você, eu e quem virá.

Um camaleão moderno
Que se esquiva e se inteira
Atentadamente,
Nas teorias mais clássicas,
Nos exemplos mais concretos,
Nas gramáticas do criar.


Um trabalhador.
Esse amigo infinito,
Que se esconde nas dobras dos tempos,
Se abriga no contínuo das raízes
E dos ritos,
Nas memórias e poemas,
Essas cantigas
De reconhecimento e amor.

Dos livros. Como deuses dadivosos e eternos...


Dos livros. Como deuses dadivosos e eternos... Jorge Luis Borges bem nos diz que o livro é o instrumento mais espetacular dentre os diversos instrumentos utilizados pelo homem. Considera-o uma extensão da memória e da imaginação. Por esse dizer do escritor argentino, o livro é algo maravilhoso na vida humana. Suas palavras dormindo nas páginas aguardam infinitamente, na essência de seu dinamismo e movimento, o despertar de alguma intervenção leitora, redescobrindo e renovando assim as suas potencialidades. Há então, extrema importância no ato leitor. De abrir o livro, decifrá-lo e fazê-lo existir. A explosão silenciosa do encontro entre um leitor e um texto é algo mais que especial. É sempre revolucionário e promotor de mudanças. Quando ocorre uma leitura o livro cumpre o seu destino. Caso contrário, não serviria para nada. Numa ocasião andei perguntando de leve a alguns amigos escritores sobre explicações plausíveis do porquê deles escreverem.De um modo raso entendi que quando a gente escreve e deixa palavras impregnadas numa página podemos aceitar a idéia de que, de um certo modo, continuaremos vivos.Para além dos tempos. Acredito que eles disseram a verdade. Se não, endosso essa quase mentira com uma boa verdade sobre a existência dos livros. Eles podem manter acesa a vida pulsante de seu autor, de seu pensar. São eternos porque poderão invadir tempos futuros e dialogar com o leitor, num infinito encontrar. A menos que não aconteça um desastre do tipo uma pandemia de ratos vorazes e trituradores ou uma catástrofe ecológica que dizime toda a vida na terra ou simplesmente como aconteceu no período nazista quando da queima de livros tidos como objetos obscenos, os livros são predestinados para a eternidade. A leitura tem uma função importante na história de mudanças e transformações. Por isso será sempre nobre a atitude mediadora e humana em aproximar o leitor com o autor, através de suas palavras, e assim captar e capturar suas inspirações, aspirações e idéias. Uma pândega de descobertas. Os livros guardam em si o poder de manterem vivos os seus autores. Mais especificamente, o que eles pensaram, imaginaram, impregnaram em si durante as suas existências. Assim, como a vida das palavras depende do sopro de vida leitor, podemos dizer que as leituras eternizam os seus autores. Ontem li um trecho de um livro, Pequenos poemas em prosa, de Baudelaire. Lá estavam intactos e impressos ao meu primeiro olhar textos publicados nos idos de 1857, nos jornais La Presse e Le Fígaro. São breves textos que evocam as caminhadas do poeta por Paris no tempo em que viveu e escreveu. Na minha leitura no agora ele renasce como uma flor do bem e do mal recém desabrochada pela minha tentativa curiosa de elucidar acontecimentos do nosso mundo em tempos de crise. No livro, no abrir e fechar de páginas pelas mãos e pela gana do leitor, Baudelaire ainda continuará profetizando a todo aquele que comparecer. No livro há sempre a fagulha do existir. Nela, os diálogos pairam no ar, sem mistérios, como numa nuvem convidativa e inefável. Coexistem em tempos adversos que se alinham na presença de uma leitura. Um breve milagre. Os livros foram feitos de generosidade. Para arregimentar o outro, os outros. Foram feitos para serem acordados pelas leituras dos seus imprescindíveis leitores, partners de uma dança que se realiza infinitamente nos labirintos da compreensão humana. Feitos de palavras, invólucros das idéias, foram criados com os patamares para sustentar o brilho da existência de cada leitor e toda a sua história. Nesses tempos de crise, sabemos que o mundo é muito mais comandado pelo financeiro do que pelo poder que emana dos livros. Acredito que quando isso se ajustar ou se inverter o mundo vai melhorar substancialmente. Cada livro guarda sua própria vida impregnada de caprichos. E o lugar do imaginado e do inimaginável. Do inesperado, do esclarecimento, do deslumbramento. Do iluminado. Feito deuses de um Olimpo cotidiano e terreno. Fico imaginando o acontecimento extraordinário que é a cadeia de leituras que pode se construir a partir de um livro. É um acontecimento desesperadamente concreto, mas impalpável e imperceptível e que dá norte e rumo. Como os outonos e as vibrações. E o amor pelo livro é um amor que se aprende. E se apreende pelo exercício de descobertas. Mesmo que pequenas ou provisórias. A gente começa a amar um livro pelo simples vislumbre dos tantos disparadores de vida que ele guarda em si. Pela paixão e pelo jogo despertamos as palavras que se escondem e lhes dão corpo e alma. O valor de uma sala de leitura ou de uma biblioteca está no uso que os alunos ou leitores fazem desse espaço inteligente. E não no ajuntar, zelar e obter mais e mais volumes e volumes sem pó. Em contrapartida, o poder do leitor está na atitude leitora de cada um ao interpretar e transformar as próprias leituras. Essa experiência que nasce e renasce das páginas ou das telas geram outros livros potenciais. Como as palavras latejantes das páginas sustentam tantas vidas paralelas, amalgamadas e penduradas em nossa vida corriqueira?A leitura é um ato silencioso, sem alardes, sem ribombar. E uma pulsação que nos leva a inventar o que estamos vivendo. Para isso os educadores, sobretudo por ocuparem esse lugar no mundo, o de mediar os possíveis encontros do aprendiz com as palavras reverberadoras de sentidos, precisam ter alinhavado no seu fazer um projeto leitor. Como uma condição profissional, de salvação e de deleite. Lemos no espelho do olhar do nosso desconhecido ou do nosso amigo mais íntimo, lemos no outdoor um detalhe que passava desconhecido ou num ponto cego de nosso interesse, suspeita ou captação. Lemos no viés das páginas dos jornais e das revistas, lemos o incômodo, o assombramento e o fascínio sobre algo inédito, banal ou investigado. Lemos tudo o que jorra e dança nas telas dos computadores e celulares. E lemos nos livros.Tantos.E pensar que ali estão intactas e preservadas de memória e história as palavras.Na frente do nosso pensar, por entre os horrores e o bel-prazer, por entre o imperceptível e o sentido, nas soluções, links e conclusões.A palavra tem tudo a ver.A palavra é mais que uma ferramenta.O ato de leituras é o que transforma a letra em luz.Não é essa uma intenção mais que adequada para a escola? Antonio Gil Neto